Estamos vivendo uma pandemia de conteúdo?

O cansaço digital da Geração Z e o novo valor da presença
A pandemia invisível: excesso de conteúdo
A Geração Z cresceu no centro do furacão digital. Do MSN à inteligência artificial generativa, viveu todas as fases da internet — e agora, com pouco mais de 20 anos, começa a repensar sua relação com o conteúdo. Será que estamos consumindo demais? E pior: será que estamos criando no automático?
Estudos recentes mostram que jovens entre 18 e 25 anos passam, em média, mais de 10 horas por dia consumindo conteúdo digital. Isso inclui vídeos curtos, podcasts, feeds infinitos, rolagens passivas e até áudios acelerados no WhatsApp.
Chamado por alguns analistas de “content consumption pandemic”, esse comportamento não é mais apenas um vício casual — ele se tornou estruturante. A mente está sempre ocupada, mas raramente presente.
Remorso digital: o que a Geração Z está dizendo
Artigos comoeste do Buzzfeed
mostram um padrão emergente:
- Jovens relatam
arrependimento por terem crescido online, expostos desde cedo a padrões irreais.
- Há uma frustração crescente com o tempo perdido em comparação, com o algoritmo moldando desejos, estética e autoestima.
- O desejo de “desaparecer da internet” virou pauta, trend e desabafo.
Doom Spending e a compensação pelo vazio
Paralelamente, surgem fenômenos como o
doom spending — a tendência de gastar por impulso como uma forma de aliviar a ansiedade frente ao caos econômico, político e social. A conexão é direta: se estou sempre estimulado, também estou sempre exausto. E o consumo vira um alívio emocional.

Criar com mais profundidade virou objetivo
Esse cansaço não atinge só quem consome — ele atinge quem
produz.
- Criadores se sentem presos a ciclos de conteúdo frenético.
- A lógica do “engajamento a qualquer custo” gera burnout criativo.
- O medo de ser esquecido acelera o ritmo, mas esvazia o sentido.
Em resposta, muitos criadores estão buscando profundidade em vez de volume. Isso significa dedicar mais tempo à pesquisa, à construção de narrativas que realmente ressoem e à curadoria estética de cada detalhe.
O poder do detalhe
Nos últimos anos, a produção de conteúdo evoluiu significativamente, impulsionada por avanços tecnológicos e uma exigência maior por parte do público. Câmeras com qualidade cinematográfica, roteiros mais lapidados e edições sofisticadas viraram padrão. Mas mesmo com esse salto técnico, ainda existe um gap notável no set dressing — o cuidado com o que está em cena, no espaço.
Muitos conteúdos prezam pela narrativa e pela performance, mas pecam nos detalhes do cenário. E aí entra a força da direção de arte: o uso intencional de objetos, móveis e cores que contam histórias mesmo sem falas. Um ambiente bem construído é mais do que bonito — ele é significativo.
Nesse novo momento, o set deixa de ser só pano de fundo e se torna um personagem silencioso, capaz de traduzir valores, provocar sensações e elevar o nível da experiência visual.
A nova busca: presença, foco, propósito
Em meio à saturação, a Geração Z começa a
questionar o excesso e buscar novas formas de se relacionar com a internet:
- Curtidas já não são métrica de verdade.
- Criar menos, mas com mais profundidade, virou objetivo.
- O offline ganhou valor: experiências táteis, encontros reais, tempo com textura.
Conclusão
Talvez não estejamos só cansados do conteúdo. Talvez estejamos cansados de não sentir nada ao consumir tanto.
Se o futuro é sobre criar valor, estética e impacto, a pergunta que fica para quem produz é:
a gente ainda tá dizendo alguma coisa — ou só postando?
Fontes utilizadas
- Rising Kashmir – Are we living in a content consumption pandemic?
https://risingkashmir.com/are-we-living-in-a-content-consumption-pandemic/ - Buzzfeed – Gen Z shares regrets growing up online
https://www.buzzfeed.com/alanavalko/gen-z-shares-regrets-growing-up-online - Bloomberg – Gen Z and Millennials are ‘doom spending’ to cope with economic uncertainty
https://www.bloomberg.com/news/articles/2024-01-31/gen-z-millennials-are-doom-spending-to-cope-with-economic-uncertainty - eMarketer – Generation Z Facts
https://www.emarketer.com/learningcenter/guides/generation-z-facts/ - NielsenIQ – How to win with Gen Z in HORECA channels
https://nielseniq.com/global/en/insights/analysis/2025/how-to-win-with-gen-z-identifying-trends-in-the-everchanging-horeca-channel/ - The Straits Times – When Gen Z stops spending and gets tired of social media trends
https://www.straitstimes.com/business/invest/when-gen-z-stops-spending-and-gets-tired-of-social-media-trends








